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IV Congresso Brasileiro de Alfabetização – CONBAlf
Tema: Qual alfabetização para qual tempo?
Entidade promotora: Associação Brasileira de Alfabetização
Instituição sede do evento: Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte/MG – 08 a 10 de agosto de 2019
Apresentação
As questões que norteiam a organização do IV Congresso Brasileiro de Alfabetização têm origem na pergunta: qual alfabetização para qual tempo?
Esta é uma pergunta que devemos fazer recorrentemente, indagando o passado, analisando o presente e criando expectativas para o futuro da alfabetização. Se a alfabetização, como processo de apropriação e de ensino de um conjunto de habilidades linguísticas, parece ser mais estável na sua conceituação, as suas finalidades, as expectativas sobre seus efeitos e os usos dela decorrentes mudam com o tempo. Sem analisar os fenômenos no tempo, há uma ideia de que a alfabetização não avança no Brasil, mas não é bem assim. Não podemos nos ater apenas à divulgação isolada de índices alarmantes na contemporaneidade, sem considerar uma série histórica: do final do século XIX até final do século XX, passamos de 17,7% de alfabetizados (primeiro censo de 1872 sem computar a população escrava) para 93% da população com 15 anos ou mais de idade (IBGE, 2017). Além disso, tanto as palavras como as expectativas sobre o que é ser alfabetizado mudam, o que pode ser problematizado no uso dos termos analfabetismo/alfabetização, analfabetismo funcional letramento/letramentos/multiletramentos.
Por outro lado, a alfabetização é um fenômeno relacionado a contextos culturais, sociais e políticos e tanto sua aprendizagem como seu uso são dependentes de equidade ou desigualdade de oportunidades, de urbanização ou da especificidade da educação em espaços rurais indígenas, ribeirinhos e quilombolas, da distribuição de renda; da produção de uma cultura escrita, sua oferta e modos de interação dos sujeitos e grupos sociais com ela; da imigração, entre outros fatores, todos eles sempre em movimento.
A noção de tempo histórico é, então, fundamental para avaliar o alcance das mudanças nos índices de alfabetização, no nosso País e no mundo, para compreender como se deram as apropriações e o ensino da língua escrita e como foram impactadas, por instituições, por instâncias, pelos novos usos, pelos instrumentos e pelos suportes de escrita. O distanciamento que o tempo histórico nos proporciona também possibilita indagar sobre os limites e as possibilidades das discussões teóricas em cada tempo, sobre a permanência de problemas que não estão apenas na ordem dos discursos, mas também na ordem da organização do ensino em geral e das condições de escolarização de cada tempo.
A noção de tempo remete ainda à idade em que as pessoas se alfabetizam. As disputas sobre qual o tempo adequado para se alfabetizar no Brasil têm ocupado muitos educadores e trazido polêmicas, sobretudo se for considerada e relação entre infância, escolarização e alfabetização. Essa questão do tempo também está relacionada aos aspectos geracionais, como, por exemplo, a alfabetização de jovens e adultos que ocorre em uma escolarização extemporânea e também da escolarização das famílias que não tiveram oportunidade de se alfabetizar ou de permanecer mais tempo na escola.
Há que se considerar ainda, inserida na expressão tempo, a questão dos processos e dos procedimentos que ocorrem durante a aprendizagem da língua escrita. Qual a natureza dessa aprendizagem? O que ocorre nesse processo, que é típico da apropriação da escrita e seu ensino, que torna a prática de alfabetização e os alfabetizadores especializados em determinados saberes pedagógicos? Quais as contribuições das pesquisas sobre apropriação da escrita? Quais são ainda os nossos desafios nesse campo?
Os tempos também não se sincronizam, quando pensamos nos tempos da prática, com suas urgências, o tempo das políticas repercutindo lutas por direito à alfabetização ou posicionamentos ideológicos que também são demarcados por cada governo, embora tenhamos que lutar por políticas de alfabetização que sejam de Estado. A isso, se soma o tempo das pesquisas, sempre mais lento e com recortes definidos, considerando que, do ponto de vista epistemológico, não deveria haver pretensão de totalidade.
Que usos e novos fenômenos da cultura escrita são próprios de cada tempo? Quais são as linguagens, quais formas de funcionamento, quais são os suportes da escrita na sociedade contemporânea? Neste sentido, temos o apelo de pensar novas alfabetizações e novos letramentos em contexto de grande disseminação de mídias. Há, neste tempo presente, possibilidades de produção do escrito que ocorrem em diálogo com outras linguagens, que não eram imaginadas em outros tempos: oral e escrito, visual e verbal, entre outros sistemas semióticos. Como as crianças vivenciam a cultura escrita pela influência de mídias digitais? Como leem e escrevem fora da escola? Que repercussões suas práticas têm em contextos escolares e em nossas metodologias?
Qual alfabetização para qual tempo? Esta pergunta e as problematizações dela decorrentes guiarão e inspirarão os debates do IV Congresso Brasileiro de Alfabetização.
O CONBAlf
O CONBAlf – Congresso Brasileiro de Alfabetização é um evento de natureza científica e pedagógica, com periodicidade bianual e vem sendo reconhecido como um dos principais eventos nacionais de debates sobre o tema da alfabetização. Considerando a importância do evento para a identidade do campo de estudo, para diálogo entre pesquisadores nacionais, internacionais, professores e gestores e para a reflexão e divulgação de práticas relativas ao ensino da leitura e da escrita, o IV Congresso Brasileiro de Alfabetização vem consolidar uma das ações mais importantes da Associação Brasileira de Alfabetização em 2019.
COMITÊS
Comitê Organizador
Coordenação Geral
Isabel Cristina Alves da Silva Frade – UFMG – Belo Horizonte – MG
Valéria Barbosa de Resende – UFMG – Belo Horizonte – MG
Mônica Correa Baptista – UFMG – Belo Horizonte – MG
Francisca Izabel Pereira Maciel – UFMG – Belo Horizonte – MG
Comitê Nacional
Adelma das Neves Nunes Barros – Mendes – UNIFAP – Macapá – AP
Ana Luiza Bustamante Smolka – FE/UNICAMP – Campinas – SP
Bárbara Cortella Pereira de Oliveira – UFMT – Rondonópolis – MT
Cancionila Janzkovski Cardoso – UFMT – Rondonópolis – MT
Cecilia Maria Aldigueri Goulart – UFF – Niterói – RJ
Dania Monteiro Vieira Costa – UFES – Vitória – ES
Denise Maria de Carvalho Lopes – UFRN – Natal – RN
Elaine Constant Pereira de Souza – UFRJ – Rio de Janeiro – RJ
Eliane Teresinha Peres – UFPel – Pelotas – RS
Evangelina Maria Brito de Faria – UFPB – João Pessoa – PB
Fernando Rodrigues de Oliveira – UNIFESP – Guarulhos – Guarulhos – SP
Gabriela Medeiros Nogueira – FURG – Rio Grande – RS
Isabel Cristina Alves da Silva Frade – UFMG – Belo Horizonte – MG
Lourival José Martins Filho – UDESC – Florianópolis – SC
Maria do Rosário Mortatti – UNESP – SP
Maria Aparecida Lapa de Aguiar – UFSC – Florianópolis – SC
Maria do Socorro Alencar Nunes Macedo – UFSJ – São João Del Rei – MG
Mônica Correa Baptista – UFMG – Belo Horizonte – MG
Norma Sandra de Almeida Ferreira – FE/UNICAMP – Campinas – SP
Patrícia Corsino – UFRJ – Rio de Janeiro – RJ
Regina Aparecida Marques de Souza – UFMS – Dourados – MS
Sônia Maria dos Santos – UFU – Uberlândia – MG
Telma Ferraz Leal – UFPE – Recife – PE
Valéria Barbosa de Resende – UFMG – Belo Horizonte – MG
Wanderleia Azevedo Medeiros Leitão – Escola de Aplicação da UFPA – Belém – PA
Comitê Científico
Adelma das Neves Nunes Barros – Mendes – UNIFAP – Macapá – AP
Ana Luiza Bustamante Smolka – FE/UNICAMP – Campinas – SP
Ana Ruth Moresco Miranda – UFPel – Pelotas – RS
Artur Gomes de Morais – UFPE – Recife – PE
Bárbara Cortella Pereira de Oliveira – UFMT – Rondonópolis – MT
Cancionila Janzkovski Cardoso – UFMT – Rondonópolis – MT
Cecilia Maria Aldigueri Goulart – UFF – Niterói – RJ
Cláudia Maria Mendes Gontijo – UFES – Vitória – ES
Dania Monteiro Vieira Costa – UFES – Vitória – ES
Denise Maria de Carvalho Lopes – UFRN – Natal – RN
Elaine Constant Pereira de Souza – UFRJ – Rio de Janeiro – RJ
Eliane Teresinha Peres – UFPel – Pelotas – RS
Evangelina Maria Brito de Faria – UFPB – João Pessoa – PB
Fernando Rodrigues de Oliveira – UNIFESP – Guarulhos – Guarulhos – SP
Francisca Izabel Pereira Maciel – UFMG – Belo Horizonte – MG
Gabriela Medeiros Nogueira – FURG – Rio Grande – RS
Gilcinei Teodoro Carvalho – UFMG – Belo Horizonte – MG
Isabel Cristina Alves da Silva Frade – UFMG – Belo Horizonte – MG
Lourival José Martins Filho – UDESC – Florianópolis – SC
Maria do Rosário Mortatti – UNESP – SP
Maria Aparecida Lapa de Aguiar – UFSC – Florianópolis – SC
Maria do Socorro Alencar Nunes Macedo – UFSJ – São João Del Rei – MG
Maria Lúcia Castanheira – UFMG – Belo Horizonte – MG
Marília Vilella – UFU – Uberlândia – MG
Mônica Correa Baptista – UFMG – Belo Horizonte – MG
Norma Sandra de Almeida Ferreira – FE/UNICAMP – Campinas – SP
Patrícia Corsino – UFRJ – Rio de Janeiro – RJ
Regina Aparecida Marques de Souza – UFMS – Dourados – MS
Sara Mourão Monteiro – UFMG – Belo Horizonte – MG
Sônia Maria dos Santos – UFU – Uberlândia – MG
Telma Ferraz Leal – UFPE – Recife – PE
Valéria Barbosa Resende – UFMG – Belo Horizonte – MG
Wanderleia Azevedo Medeiros Leitão – Escola de Aplicação da UFPA – Belém – PA
Equipe de apoio
Cícero Barros - secretaria Ceale/FaE/UFMG
Isadora Cristina Ribeiro - secretaria Ceale/FaE/UFMG
Natália Cristina Vieira - jornalismo Ceale/FaE/UFMG
Rosângela Campos - secretaria Ceale/FaE/UFMG
Thomaz Marcelo Souza Silva - design Ceale/FaE/UFMG
PROGRAMAÇÃO
08/08/2019
7:30 às 9:00 Credenciamento
9:00 às 9:30 - Mesa de abertura - ABAIF, UFMG, SEE-MG, SMED-BH e outras entidades
9:30 às 10:00 - Homenagem da Associação Brasileira de Alfabetização à Magda Soares, presidente de honra da ABALF
Francisca Izabel Pereira Maciel (Universidade Federal de Minas Gerais)
10h às 10:20 - Apresentação cultural - Grupo Movência - História de bichos e encantados
Intervalo
10:35 às 12:35 - Conferência de abertura: Letramento em crise? Politica de alfabetização, prática e pesquisa na Inglaterra e outros países anglófonos
Uta Papen (Lancaster University- Reino Unido)
Mediador - Gilcinei Teodoro de Carvalho (Universidade Federal de Minas Gerais)
Almoço
14:30 às 17:00 - Mesa-redonda: Qual perspectiva multidisciplinar favorece a alfabetização?
Margarida Alves Martins (Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e
da Vida - Lisboa)
Artur Gomes Morais (Universidade Federal de Pernambuco)
Ana Luiza Smolka (Universidade Estadual de Campinas)
Mediador - Lourival José Martins Filho (Universidade do Estado de Santa Catarina)
17:20 às 18:20 – Entrevista com professores alfabetizadores de escolas públicas: Como os professores alfabetizadores lidam com os diferentes paradigmas em sua prática?
Rubia Neli Perdigão Alves - Escola Municipal Lídia Angélica - Municipio de Belo Horizonte
Mirucha Mikele Nunes de Lima - Escola Municipal Professora Francisca Medeiros
Município de Nísia Floresta (RN)
Sonia Dias Feio - Escola Municipal Carolina Fontelles de Lima Municipio de Belém (PA)
Mediadoras: Adelma das Neves Nunes Barros (Universidade Federal do Amapá), Denise
Maria de Carvalho Lopes (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e Elizabeth Orofino Lucio (Universidade Federal do Pará)
Lançamento e divulgação de livros
09/08/2019
8:00 às 11:10 - Mesa-redonda: Tempos e processos de apropriação da escrita
Sara Monteiro Mourão (Universidade Federal de Minas Gerais)
Ana Ruth Moresco Miranda (Universidade Federal de Pelotas)
Claudia Mosca Giroto (Universidade Estadual Paulista)
Patricia Corsino (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Mediadora: Mônica Correa Baptista Universidade Federal de Minas Gerais
Almoço
13:00 às 15:40 - Sessões de apresentações das comunicações de pesquisas e relatos de experiências
Intervalo
16:00 às 19:00 – Sessões de apresentações das comunicações de pesquisas e relatos de experiências
14:00 às 15:00 - Reunião ordinária da Abalf
15:00 às 16:00 – Reunião anual do FONALF
10/08/2019
7:00 - Primeira chamada da Assembleia da Abalf
7:30 - Segunda chamada da Assembleia da Abalf
8:30 às 10:30 – Mesa-redonda: Alfabetização em tempos digitais
Dagoberto Buim Arena (Universidade Estadual Paulista)
Isabel Cristina Alves da Silva Frade (Universidade Federal de Minas Gerais)
Mediador - Cancionila Janzkovski Cardoso (Universidade Federal de Mato Grosso)
10:40 às 12:20 - Conferência de encerramento - Perspectiva teórica: os modelos concorrentes de análise sobre o fracasso em leitura e escrita
Anne-Marie Chartier (Laboratoire de Recherche Historique Rhône-Alpes. LARHRA/ENS-Lyon)
Mediadora: Isabel Cristina Alves da Silva Frade (Universidade Federal de Minas Gerais)
12:20 – Encerramento